Ahhh esse mundo corporativo… acontece cada coisa!
A bendita reunião gerencial dessa vez seria com a alta direção da empresa e entre ELES, siiimmm, todos homens, estava ela, a única mulher da equipe e, acredite, a que tinha o maior salário entre ELES… mas isso é uma outra história…
A sala estava arrumada em formato de um enoooorrrme U, lá estava ela, sentada bem na curva do U, aguardando o início da “tortura”, sim, porque as reuniões gerenciais de vendas são frequentemente torturantes, ou as metas não são alcançadas porque são todos incompetentes ou as metas foram alcançadas porque estavam baixas, então, é preciso aumentá-las. Parece piada, mas é bem isso mesmo…
Em resumo, os gerentes sempre reclamam que as metas são muito altas e os diretores sempre reclamam que todos são incompetentes, por isso não batem as metas.
Simples assim!Mas a verdade é que muitas empresas nem sequer sabem construir suas próprias metas. Não tem um critério lógico, estatístico ou baseado em pesquisas, e muito mal utilizam-se de históricos.
Tá, mas e ela rasgar o dinheiro? Onde entra nessa história?
Vamos lá, voltannndo, Início da reunião, um diretor começa:
– “… o nosso plano para os próximos 10 anos… “.
A criatura continuou seu discurso sobre como estaria a empresa em 10 anos, e era incrível, que viagem…. vinha tudo da sua mente aloprada, porque se fosse de fatos e dados, nada daquilo seria possível. Senhor Jesus !!! 10 anos?? Quem mais é capaz de planejar 2, 3 anos? Que dirá 10??? é o que deviam estar todos pensando naquele momento…
Após alguns bons minutos, ao concluir o 10º ano de previsões, voltou ao presente e completou com a frase:
– “… Vocês estão todos quebrando a empresa”…
Nesse momento, do centro da sala se dirigiu a ela, lembra? Aquela? A única mulher na equipe, lá no centro do U? Ele mirou bem em seus olhos, com aquela arrogância típica de quem fala de pé com quem está sentado, se portou em sua frente e retirou do bolso uma nota de R$ 50,00, com expressão ao mesmo tempo de raiva e sarcasmo, lhe disse em tom altivo, RASSSGUE.
O silêncio tomou conta da grande sala, ninguém esperava algo como aquilo.
Todos devem ter se perguntado, ele é louco? Quer nos enlouquecer? Qual a intenção disso? … e agora?? O que será que ela vai fazer?
Ela pegou a nota de R$ 50,00 e com a mesma raiva e sarcasmo começou a rasgá-la, em 1, 2, 3, 4, …. em tantos pedacinhos minúsculos que até perdeu a conta. A esse tempo, o único som que se ouvia na sala era o do dinheiro sendo triturado e virando papel picado.
Cada movimento parecia uma eternidade. Enquanto isso, pelo olhar, ela demonstrava toda a raiva que estava sentindo. O “louco” foi se desconcertando, foi ficando completamente frustrado e desorientado com a reação daquela mulher, que naquele momento parecia ainda mais louca que ele…
Após triturar a nota de R$ 50,00 em pedacinhos minúsculos, com muuuita raiva no semblante, entregou em suas mãos o bolo de papel picado. Ela sentiu no ar a vontade de rir dos que estavam ali naquele momento, mas quem? quem ousaria?
Ele, sem graça, colocou os restos mortais da nota de R$ 50,00 em seu bolso e disse que era isso que estavam todos fazendo na empresa, rasgando dinheiro.
Ninguém na sala disse uma única palavra sequer, a reunião continuou, ou melhor, o monólogo continuou… todos ficaram ali, intactos.
E claro, imaginava ela, concluída a reunião seria demitida.
Hummm… ledo engano. Pessoas desse tipo precisam muito é de outras que elas possam humilhar, depreciar, ultrajar… isso serve de alimento à sua fome de desequilíbrio emocional ou loucura.
Não foi fácil o enfrentamento, seu coração palpitava a cada dilaceramento da nota, suas pernas tremiam, sua mente sofria, seus olhos marejaram, mas no final, a sensação foi de triunfo, ele que saiu humilhado por ela, o “sexo frágil” naquele momento histórico, simmm, porque vai ser difícil outra reunião com “tanta emoção”!
Ele? Deve estar até hoje colando os pedacinhos da nota de R$ 50,00, kkkkk.
É… mas a tradução disso tudo é muito simples, é ASSÉDIO.
Tomara que essa história ajude outras mulheres e homens também, a não se deixarem humilhar, não se deixarem assediar, a perceberem e reagirem mais rapidamente.
Felizmente, algum tempo depois, mesmo adoecida ela se foi daquele ambiente hostil e nocivo, ficaram por lá os homens “corajosos”, ficou para ela a lição que o mundo corporativo tem muito a ensinar, mas também ainda muito a aprender e nenhum emprego vale a sua saúde.
Tomara que essa história sirva de exemplo para mostrar que o ASSÉDIO pode está por trás até de uma nota de cinquenta reais.
E…. se algum dia alguém lhe mandar rasgar dinheiro, denuncie por ASSÉDIO e se vá, lá fora também é um bom lugar…
Ingrid Pergentino
Sonhos, acredite neles!
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